TO PLAY OR NOT TO PLAY – O TRABALHO
TEATRAL DO CETE
O teatro brasileiro produziu pouco pensamento.
Os diretores brasileiros chegaram com força e modernidade
há pouco mais de meio século. È tudo muito
novo. Produzimos, portanto, muita prática e pouca teoria,
e a pouca que consumíamos vinha de pensadores e/ou criadores
estrangeiros. E, de uns tempos para cá, com a criação
de cursos acadêmicos avançados, passamos a ter também
a produção de um pensamento acadêmico sobre
a prática teatral brasileira. Poucos de nós, diretores,
teorizamos sobre nossa prática, como fez Bertolt Brecht,
Peter Brook, Grotovski e outros. Sempre praticamos pela teoria dos
outros: Brecht, Brook, Grotovski, etc. Antonio Pedro fura este cerco
e traz para a discussão do teatro tradição
e transgressão, intimamente ligadas por um discurso, ao mesmo
tempo que erudito, bem-humorado, inteligente e honesto. Um texto
acadêmico que nega a academia. Alegra-me ser orelha e ouvidos
deste discurso.
Amir Haddad
(...) Antonio Pedro escreve como fala, e há
nisso uma grande virtude, pois seu pensamento sobre uma importante
aventura teatral é desenvolvido como algo que passa pelo
cotidiano. Dá ao leitor que não faz teatro uma idéia
precisa do processo criador, como ele acontece de forma espontânea,
mas, ao mesmo tempo, é organizado e mobilizado pelo diretor/adaptador.
Mesmo sendo um leitor compulsivo, Antonio prefere imprimir o tom
da sua própria palavra falada na descrição
do que viveu com os atores, do que pensou e do que pensa. (...)
Este livro oferece uma preciosa chave para entender os processos
criativos de Antonio Pedro e seu CETE, mas vai além, reflete
a preocupação e as buscas estéticas de muitos
grupos e diretores contemporâneos voltados para uma arte libertária
fundamentada nas expressões e nos jogos da maioria da população
brasileira, tão rica em suas manifestações
espetaculares e tão longe dos palcos (...).
Zeca Ligiéro |