Quantidade
— Este livro de estreia da autora, seleção de 40 poemas produzidos entre 2000 e 2014, ganhou prefácio do poeta, crítico literário e acadêmico Antonio Carlos Secchin, que afirma: “Trata-se de um lirismo de entretons, avesso à grandiloquência, e que na contenção discursiva e na melancolia do desalento produz seus melhores frutos”. No posfácio, o professor Marcos Pasche, mestre em literatura brasileira pela UFRJ, assinala que “os versos simples e claros, que proporcionam leitura fluida e penetrante, contrastam com a atmosfera que formulam, marcada pelo que passou e ainda permanece, feito lâmina e sombra, na pele e na memória”. No texto de apresentação, o poeta Carlos Nejar, também membro da ABL, diz que a autora “pega as coisas pela mão da palavra, como a poesia quer. (...) Não pensa o verso; o verso é que a pensa”. Além do belo retrato na capa do livro, feito por Tânia Jorge, 41 desenhos coloridos de Marcos Irine ilustram a poesia de Débora Ventura.
— Advogado, doutor em Direito pela PUC/SP, presidente do PMDB, três vezes presidente da Câmara dos Deputados, vice-presidente de janeiro de 2011 a maio de 2016, quando se tornou presidente do Brasil, o paulista Michel Temer (Tietê, 23 de setembro de 1940) é autor de Constituição e Política, Territórios Federais nas Constituições Brasileiras, Democracia e Cidadania, Seus Direitos na Constituinte e Elementos do Direito Constitucional, este último com mais de 250 mil exemplares vendidos. Agora ele revela um outro lado: sua poesia, escrita em guardanapos de papel nas viagens aéreas entre Brasília e São Paulo. Alguns dentre os 120 poemas são dedicados a pessoas (“A Álvares de Azevedo”, “Afif”, “Tamer”, “Edu”, “Bergman e Antonioni”); outros expõem emoções e histórias íntimas. Na nota introdutória, o autor explica que, ao criá-los, “deixava a arena árida da política e me entregava, durante o voo, a pensamentos. (...) Cada escrito (...) me dava a sensação de retorno aos meus 15, 16 anos – época em que sonhava ser escritor”. Para o acadêmico Carlos Nejar, não está aqui o insigne jurista, e sim “uma sensibilidade que ilumina a inteligência ‘no reino das palavras’, o plural singular de um ‘Outro’ – o ‘Outro’ que o argentino universal Borges insistia em transfigurar”. Com belas ilustrações do pintor, gravador e desenhista paraibano Ciro Fernandes, e prefácio do jurista sergipano, também poeta, Carlos Ayres Britto, ex-presidente do STF.
— Advogado, jornalista, empresário, articulista e conferencista, ex-deputado federal constituinte (1987-1989), relator do Código de Defesa do Consumidor e membro da Academia de Letras da Bahia, o autor de Anatomia do ódio, A inveja nossa de cada dia e A força da vocação no desenvolvimento das pessoas e dos povos, entre outros títulos, dedica-se agora a analisar em profundidade os mais graves problemas brasileiros, todos, segundo ele, derivados “de nosso deficiente e desigual sistema educacional”. Além da educação, neste ensaio brilhante Joaci Góes fala sobre saúde, segurança pública, corrupção, impunidade, infraestrutura e pluripartidarismo. Com prefácio do ministro aposentado do STF Carlos Ayres Britto e apresentação do jornalista, poeta e escritor José Nêumanne Pinto.
— Jurista, sociólogo, membro da Academia Brasileira de Letras, Evaristo de Moraes Filho faz aqui um minucioso exame da obra do político, escritor e jornalista Aureliano Candido Tavares Bastos (Cidade de Alagoas, 1839- Nice, 1875), um partidário do liberalismo, influenciado por pensadores como John Stuart Mill, Alexis de Tocqueville e Alexander Hamilton, que defendia ardorosamente a separação entre Igreja e Estado. Neste ensaio primoroso, mestre Evaristo pôs ênfase especial no “social-liberalismo” de Tavares Bastos, autor das admiráveis Cartas do solitário, que Oliveira Lima definiu como “um publicista de vistas ousadas, falecido na flor da idade [36 anos], e que, entretanto, agitou em nosso país mais ideias que nenhum outro”. Segunda edição revista e aumentada.
— Terceira edição de um livro que, escrito há quase 70 anos, surpreendeu pioneiramente o começo do surto islâmico e fixou o contraste entre as forças espirituais ou místicas dos Orientes e das Áfricas e as da civilização tecnocrática, e então quase de todo racionalista, do Ocidente, ainda dominante. Misto de ensaio sociológico e diário de viagem, documenta a visita de mais de seis meses que Gilberto Freyre fez a Portugal (capital e interior) e províncias de Ultramar (África, Índia e ilha da Madeira). Esta edição traz 45 fotos da viagem realizada entre agosto de 1951 e fevereiro de 1952. Foi o quinto lançamento da coleção Gilbertiana, iniciada no ano 2000.
— Em seu livro de estreia, o ensaísta e diplomata mineiro Luiz Feldman – mestre em relações internacionais pela PUC/RJ e professor assistente de leituras brasileiras no Instituto Rio Branco – propõe nova interpretação de um dos grandes clássicos do pensamento nacional, Raízes do Brasil. O autor analisa com fineza a pouco conhecida edição original, publicada por Sérgio Buarque de Holanda em 1936, e argumenta que o livro célebre só adquiriu o caráter progressista que lhe é amplamente atribuído após uma série de mudanças no texto para a segunda e terceira edições, de 1948 e 1956. Ao reconstituir a formulação dos principais enunciados de Raízes do Brasil, sua recepção nos meios intelectuais da época e sua transformação nas décadas seguintes, este ensaio apresenta uma importante reflexão sobre o significado do livro de Sérgio Buarque, que completa 80 anos em 2016; e não só lança luz sobre seus anos iniciais como ajuda a elucidar os dilemas da versão definitiva de um clássico que segue desafiando gerações de leitores. Com prefácio do cientista social Robert Wegner e apresentação do historiador José Murilo de Carvalho.
— Ensaio do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) que trata da erística, com introdução, notas e comentários do filósofo Olavo de Carvalho, autor de O imbecil coletivo e Aristóteles em nova perspectiva, entre outros. Em 38 "estratagemas", Schopenhauer desvenda os processos de argumentação que podem levar um debatedor a conquistar a premissa do título: vencer a discussão mesmo que a razão esteja com o outro. Livro perturbador e sempre atual, é indicado não só para estudantes de direito, filosofia e sociologia mas, sobretudo, para os interessados nas questões culturais e políticas que mobilizam a humanidade em todos os tempos. Com tradução de Daniela Caldas e Olavo de Carvalho.
— Ao empreender leitura sistemática dos cerca de 250 artigos e ensaios de Otto Maria Carpeaux editados durante mais de três décadas de atividade no Brasil, Mauro Ventura, doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, lança luz sobre período importante da vida do intelectual austríaco-brasileiro — os anos de formação na Viena das décadas de 20 e 30 — ampliando a compreensão de sua obra, até então circunscrita à fase brasileira. Ensaio que combina crítica literária e história sóciocultural, De Karpfen a Carpeaux examina as rupturas e as linhas de continuidade deste verdadeiro twice born: de jovem ideólogo nos anos 1920-30, que lutou até o último momento pela independência de seu país, a ensaísta e historiador que influenciou de forma marcante os estudos literários no Brasil.
— Colaborador de dezenas de periódicos e sites Brasil afora, o professor, jornalista, pesquisador e consultor Gaudêncio Torquato produziu mais de mil ensaios, artigos e papers desde 2002. O objetivo deste livro é propiciar uma leitura mais vertical sobre a cultura política de nossos Trópicos a partir de recortes analíticos extraídos de seus textos publicados nos últimos 10 anos. Sem ordem cronológica, eles foram agrupados em cinco capítulos: “Século XXI: a democracia em crise”; “Brasil: os ‘ismos’ da República”; “O sistema institucional”; “A política como espetáculo” e “Abrindo as portas do amanhã”. Segundo a colunista Dora Kramer, “mestre Torquato faz do cotidiano da política uma ciência, e (...) constrói as narrativas que nos traduzem, com clareza e sagacidade, a sociologia dos políticos”. Para a dramaturga Maria Adelaide Amaral, o autor “é um jornalista que pensa bem, escreve bem e produziu mais um livro imperdível”.
INDISPONÍVEL
— Baseado na vida dos mineradores de diamantes e considerado um clássico do regionalismo literário, Cascalho (1944), romance de estreia do baiano (de Andaraí) Herberto Sales (1917-1999), o colocou no cenário intelectual brasileiro, levando-o a se mudar para o Rio, então capital da República, onde passou a colaborar como jornalista em vários órgãos da imprensa, especialmente a revista O Cruzeiro. Em 1971 entrou para a ABL, e em 1974 foi para Brasília, onde ocupou por dez anos o cargo de diretor no Instituto Nacional do Livro. Viveu em Paris de 1986 a 1990, servindo à embaixada brasileira como adido cultural. Autor de muitos outros clássicos de literatura nacional, ele conta neste livro, de forma simples e comovente, a vida de Jesus Cristo. Resultado de anos de meditação e de leitura, Herberto nos dá aqui uma narrativa cheia de mistério, leveza e encantamento, que não deixará indiferente o leitor de qualquer credo.
— No texto introdutório de 82 páginas intitulado “Glória e agonia do soneto” – a que se seguem 146 magníficos sonetos de sua lavra – o poeta, jornalista e crítico literário baiano reafirma suas qualidades de pesquisador. Ao mesmo tempo, evidencia a importância da poesia, mostrando-a associada aos momentos de alegria e de tristeza, às práticas de trabalho e do quotidiano, às manifestações do misticismo e da religião, à luta política contra a opressão, e até mesmo na guerra, como instrumento de combate ao militarismo e à tirania. Neste livro, que tem como subtítulo Teoria e prática do soneto, Teixeira Gomes também analisa a função da rima, da estrofe, o prestígio do decassílabo, o apogeu e o declínio do soneto, o uso do verso livre e o papel das vanguardas. Já os sonetos se incluem numa tradição que ele iniciou com Ciclo Imaginário, doze sonetos dedicados aos meses do ano (1975). Entre a sua produção poética destacam-se, igualmente, O Domador de Gafanhotos (1976) e A Esfinge Contemplada (1988). Como crítico literário, publicou Camões Contestador (1978) e A Tempestade Engarrafada (1995). Contista, é de sua autoria O Telefone dos Mortos (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997). Lançou também o romance histórico Assassinos da Liberdade (2008) e a biografia Glauber Rocha, esse vulcão (1997).
— Última reunião de ensaios literários do renomado poeta, ensaísta e tradutor paulista José Paulo Paes (1926-1998), trata de temas que vão da prosa de Dalton Trevisan à futurologia de Bill Gates, passando por R. Kipling, E. M. Forster, Edwin Muir, Simone Weil, Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, Per Johns e Moacyr Scliar. São 38 estudos críticos, distribuídos em três seções: Outridades, Circunstancialidades e Helenidades.
— Segunda edição revisada e aumentada do livro lançado em 1989. Considerado o maior historiador brasileiro da atualidade, agora membro da ABL, o pernambucano Evaldo Cabral de Mello — de quem a Topbooks já publicou outros quatro livros — conta aqui a história de uma manipulação destinada a esconder, no Pernambuco colonial, as origens judaicas de uma importante família local para que seus membros pudessem ter acesso às posições de poder e prestígio na sociedade. Na terceira parte, a obra busca resolver o enigma que em vida de Felipe Pais Barreto não se havia podido ou querido desvendar.
— Jornalista, escritor e poeta, o autor conheceu Luiz Inácio Lula da Silva em maio de 1975, pouco depois de este haver assumido a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Essa biografia não autorizada relata episódios inéditos e acompanha a trajetória do menino retirante do sertão de Pernambuco à Praça dos Três Poderes à luz de fatos reais, e não da poeira mitológica com que se tentou cobrir, ao longo dos últimos anos, a verdade histórica, posta a serviço da doutrinação ideológica. Como diz Flávio Tavares no texto de apresentação, “neste livro de retratos sucessivos, Nêumanne é antes de tudo um retratista: como um telescópio, a lente grande-angular abarca a totalidade, para descer às minúcias que só o microscópio capta”. Para Alexandre Garcia, o livro “é nitroglicerina pura. E com o tempero de um gourmet da palavra”. Nêumanne tem dez livros publicados, é editorialista do jornal O Estado de S. Paulo e comentarista na Rádio Estadão e na TV Gazeta (“Direto ao assunto”). Em 2005 ganhou o Prêmio Senador José Ermírio de Moraes, da ABL, pelo romance O silêncio do delator.
— Um dos mais interessantes capítulos da literatura de qualquer tempo, no Ocidente ou no Oriente, é o registro poético, em verso ou prosa, da experiência do cárcere. Desde Ovídio (43 a.C./18 d.C.), o poeta romano, passando por Máximo Gorki e Alexander Soljenítsin na Rússia moderna, os mais diversos motivos que levaram escritores e poetas à prisão resultaram em obras que são testamentos literários. No Brasil, não foram poucos os que, sob o cerceamento da liberdade, produziram textos pontuais. Reunindo poemas de temática lírica e – como não podia deixar de ser – de vertente notadamente política, este livro do ex-deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no mensalão e hoje em prisão domiciliar, revela o retrato íntimo de alguém que, diante da impossibilidade de atuação pública, recorreu à poesia para sobreviver. Com extrema coragem, ele discorre sobre o cotidiano na prisão (a penitenciária da Papuda, em Brasília), expondo as emoções de um homem em estado extremo, despido do poder, do direito de ir e vir, e de toda e qualquer vaidade. E soube fazer isso com poemas de alta qualidade.
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