A MENINA QUE ENGOLIU O SAPO
Neste seu novo livro, Dilma Bittencourt faz uma aguda e bela reflexão sobre o tempo através da espera de uma menina por seu pai, que saiu de casa. Como diz no prefácio Clara Acker, doutora em filosofia pela Universidade de Paris IV – Sorbonne: “O tempo se apresenta como um mistério, que só encontra solução na experiência da volta das flores ou na realidade do corpo da menina-sapo, que cresce com a ausência do pai. A menina que engoliu o sapo de ver seu pai partir, de conviver com uma mãe preconceituosa e amarga, responde ao tempo com um saber quase oriental, taoista: fora e dentro são um. O tempo emocional corresponde ao tempo natural”.
Em linguagem poética, finamente trabalhada, a autora cria um ambiente de emoção e mistério, no qual amadurece a menina protagonista, enquanto, paralelamente, apresenta aos jovens leitores uma ampla gama de termos e expressões mais sofisticados, coisa rara de se ver, nos dias de hoje, em obras de literatura infantojuvenil.
Na base do enredo, como uma espécie de fundação a sustentar o edifício literário, está a filosofia, pontuando a relação da menina Priscila com cada um dos demais personagens – a mãe, a cozinheira, o padre, e até Deus – e sua procura contínua por um casaco desaparecido, metáfora do abrigo que só o pai poderia proporcionar. Como diz a psicanalista Frinea S. Brandão, ao final de A menina que engoliu o sapo, “esperamos que, para sempre, um casaco nos cubra, aconchegue, proteja, enquanto formos meninas, enquanto estivermos meninas...”.
A AUTORA – Carioca, auditora fiscal do Trabalho aposentada, formada em Direito pela PUC e em Administração pela Universidade Cândido Mendes, pós-graduada pela PUC (2005) no curso “A magia da palavra – Criatividade, literatura e psicanálise", Dilma Bittencourt é autora de Cuba – Impressões de um turista (1989), digitalizado em 2008 pela Universidade do Texas (EUA). Coautora, com Lauri Prieto, da fábula futurista O visitante do planeta Cosmos (Topbooks, 2001), selecionada pela Secretaria Municipal das Culturas/RioArte como Projeto Especial – tema inexistente no Rio – em 2012 lançou, pela mesma editora, o instigante Conversando com Lygia – www.cartasresenhasbilhetesetc, um encontro entre a autora “criança” e os personagens Lourenço e Raquel, dos livros Paisagem e A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga, de cuja obra Dilma é admiradora. Este livro foi selecionado em 2013 pela FNLIJ para exposição na 50ª Feira do Livro Infantil de Bolonha (Itália), na categoria Ficção para Jovens, e integra o acervo da Biblioteca Internacional da Juventude, em Munique (Alemanha). |