| DESDIZER Antonio Carlos  Secchin retorna à poesia com Desdizer, quinze anos após a publicação  de Todos os ventos, vencedor dos  principais prêmios literários do país para melhor obra no gênero em 2002. O livro reúne o inédito Desdizer e a produção anterior, revista,  em forma definitiva.  Os 31 novos poemas  estampam intensa variedade de temas e de procedimentos técnicos, justificando o  princípio de que, mais do que dizer, cabe  ao poeta desdizer – não apenas o que  outros dizem, mas também o que ele próprio dissera, numa chave (auto) irônica  que atravessa a obra desde o texto de abertura, “Na antessala” –  “O máximo, que mal consigo, / é chegar a  Antonio Secchin”)  – até o “Poema-saída”:  “Num poema insinuei: / me leia desconfiado”. Experiências narrativas surgem em “A  gaveta”, “O galo gago” e na rap-poesia “Translado”.  O viés social aflora em “Língua negra, Rio 30  graus”, e, de modo satírico, em “Instruções”, “Disk-morte” e nos dois sonetos  “da boa vizinhança”.  A vertente  metalinguística também comparece, entre outros, nos textos “Poema promíscuo”,  “Linha de fundo” e “Soneto veloz”, quase sempre sustentada pela ironia frente  ao fundamentalismo dos supostos mandatários da “verdadeira poesia”. Com projeto e ilustração de capa do  artista plástico Waltercio Caldas, o volume se encerra com um esclarecedor  depoimento (“Escutas e escritas”), em que o autor mapeia seu percurso a partir  da estreia, em 1973, com Ária de estação,  até o livro que agora se publica. Antonio Carlos Secchin é  membro da Academia Brasileira de Letras e professor emérito da Universidade  Federal do Rio de Janeiro, que, em 2013, publicou Secchin: uma Vida em Letras, com cerca de 90 artigos, ensaios e  depoimentos sobre sua atuação nos campos da poesia, do ensaio, da ficção, do  magistério e da bibliofilia. |