POBRES E RICOS NA LUTA PELO PODER - NOVAS ELITES NA POLÍTICA
BRASILEIRA
Pobres e Ricos na Luta pelo Poder –
Novas Elites na Política Brasileira resultou de pesquisa
sobre a composição social de uma parcela da classe
política presente na Câmara dos Deputados eleita em
2010.
Nas democracias, a continuidade da competição
política leva à formação de um grupo
de políticos profissionais, homens e mulheres que abandonam
sua ocupação original para viver não só
para a política como da política. Uma
minoria nunca exerceu outra profissão. Apesar das disputas
internas, os profissionais da política partilham interesses
comuns, decorrentes das vantagens materiais e simbólicas
que o poder proporciona. Trata-se de um grupo típico das
democracias de massas. Ditaduras militares, teocracias e regimes
populistas tendem a enfraquecer o poder da classe política
e/ ou colocá-la numa posição subalterna.
De que setores sociais provêm os profissionais
da política que nos governam? Tomando como locus de investigação
a Câmara dos Deputados, que reúne políticos
de todas as unidades da Federação, a classe política
é composta principalmente de quatro setores: empresários
urbanos, profissionais liberais, funcionários públicos
e professores. Em conjunto, representavam 85% da atual Câmara
dos Deputados.
Este livro dá continuidade a outros trabalhos
do professor Leôncio Martins Rodrigues sobre os meios sociais
de onde vêm os profissionais da política. A tese do
autor é de que a existência de uma democracia de massas
levou a uma “popularização” da classe
política brasileira, em razão do significativo aumento
da proporção de políticos oriundos das classes
médias assalariadas e, em menor medida, das classes operárias.
Consequentemente, diminuiu o espaço ocupado
pelas elites políticas vindas de classes ricas e altas, em
especial empresários e proprietários rurais. Cresceram
em importância os partidos ditos de esquerda que recrutavam
seus quadros, preferentemente, em setores das classes médias
e populares com sindicatos fortes – bancários, professores
e metalúrgicos, sobretudo. Os partidos ditos de direita recuaram.
O fenômeno expressa o progressivo aumento da influência
das classes médias no jogo político.
Há aqui um elemento aparentemente paradoxal:
democracia de massas significa eleições mais competitivas,
mas também muito mais caras. A considerar apenas esse fator,
os ricos e as classes altas deveriam ser beneficiados pela massificação.
Ocorre, porém, como ressalta o autor, que as camadas assalariadas
dispõem de um trunfo que as classes ricas não possuem:
os sindicatos e outras organizações e associações
de massas por onde seus dirigentes entram na vida política,
em que sobressai a CUT. |