UMA VIDA NÃO BASTA
História ágil com pitadas esotéricas
Elias Fajardo*
Uma trama que mistura ambição,
muitas disputas e tentativa de vingança é o principal
ponto de interesse de Uma vida não basta, terceiro
romance do oftalmologista Almir Ghiaroni, sobre o qual o autor de
telenovelas Gilberto Braga escreveu: “A narrativa nos prende
a atenção da primeira à última página.
Mais uma vez, uma história esotérica conquistou a
admiração de um agnóstico convicto como eu”.
Os dois livros anteriores (As cores da vida,
de 2004, e Elos invisíveis, de 2006) tinham uma ligação
mais forte com o universo médico. Já Uma vida não
basta tende a se afastar dele. Toda a ação se
passa entre o Rio de Janeiro e a região de Barra do Piraí
nos dias de hoje. O principal personagem é um empresário
bem-sucedido, calculista, que vai se humanizando ao longo da história
e, nessa trajetória, descobre novos valores que finalmente
serão responsáveis por mudar sua atitude diante da
vida. O autor maneja bem os ingredientes da narrativa e sabe como
prender a atenção do leitor com um ritmo ágil
e cortes cinematográficos. Por outro lado, ele não
se arrisca a nenhuma experimentação de linguagem e
segue o modelo de um romance tradicional.
A ação põe em confronto
personagens competitivos e ambiciosos e outros espiritualizados
e solidários. As figuras mais destacadas do romance –
entre elas o empresário Aníbal, seus filhos Ricardo
e Antonio, sua mulher Isabel, a enteada Gabriela, a ex-namorada
Cristina e o principal colaborador da empresa, Glauco – são
bem delineadas e convincentes, funcionando na trama que se desenvolve
a partir de um conflito entre pai e filho.
O final, se não chega a ser assumidamente
esotérico, como escreve Gilberto Braga, guarda elementos
de surpresa e de enfoque narrativo que garantem um bom entretenimento.
*Elias Fajardo é jornalista, autor do romance Ser
tão menino
caderno Prosa & Verso
O GLOBO
11/08/2012
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